Quem sou eu

Minha foto
Mulher, mais de 50, de bem com a vida.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Jurunas e Tempo de manga

Moro num bairro muito festeiro. O Jurunas está festejando a passagem de ano desde ontem, 30, com muitos fogos, carro som, música de carnaval, muita gente pelas ruas, muita bicicleta, supermercados cheios e gente feliz. O sorriso está nos lábios do povo jurunense, essa gente simples e pequena, que gosta de dançar.
Belém começa a sentir os primeiros sinais do inverno. Isso significa que as chuvas deram o ar de sua graça - muito devagar - mas o ar da manhã é friozinho, e tem vento e muita, mas muuuita manga. As mangueiras estão carregadinhas e o chão das ruas está repleto de mangas de todos os tamanhos e cores - amarela, vermelha, verde. O vento bate nas mangueiras e elas caem aos nossos pés. A gente tem que levar sempre uma sacola de supermercado, porque dá pra catar e fazer suco; e tomar cuidado com nossas cabeças. Elas fazem estrondo ao cair no asfalto ou nas calçadas, batendo na folhagem e enchendo nossos olhos de cor e beleza. Janeiro vai chegar com a abundância delas matando a fome de tantos que vivem situação difícil. Belém é mesmo a cidade das mangueiras, dos belos túneis, dos meninos catando manga no pé e de toda gente catando mangas pelo chão nessa época tão linda. Feliz Ano Novo!!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Periquitos verde-amarelos

Hoje, ao entardecer, passei pela Praça Santuário, em frente à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. O espetáculo de fim de tarde é protagonizado pelos milhares de piriquitinhos verde- amarelos que se confundem com o verde das mangueiras.
O barulho é ensurdecedor. Mas não há como não parar para apreciar sua busca pelo lugar certo para passar a noite que se aproxima. Como as três samaumeiras são muito altas e têm muitos galhos, os periquitinhos voam e andam por eles, e também entre uma e outra árvore, sem cessar. E todos tagarelam, produzindo um som alto, contínuo, agudo e ensurdecedor que chama a atenção de todos que passam por ali.
A natureza ainda consegue ser pródiga e maravilhosa com o Homem amazônico. Que haja muitas mangas - belas, grandes e maduras por dentro - para alimentar esses pássaros de Deus que nos enchem os olhos e a alma. Terra pródiga de belos espetáculos e gente feliz, que se toca e se fala. Belém, eu te amo!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Inverno Amazônico

Há 37 anos conheci Belém. Nos meses de novembro e dezembro muitos dias amanheciam com chuva. Depois abria o sol; e à tarde chovia novamente. E o sol ficava assim como que brincando de esconde-esconde com a chuva, que era abundante e fazia com que parecesse que até nossos ossos estavam encharcados. Também não havia enchentes nas proporções de hoje no sudeste do Brasil. Hoje, quase quarenta anos depois, as chuvas são escassas aqui. E o sudeste se desmancha com tanta chuva, enchentes e inundações. Mas aqueles que desmatam acham que a derrubada da mata não tem nada a ver com isso.
Em 2008 o inverno, que é a estação das chuvas constantes e das grandes águas na Amazônia, não chegou. Aqui em Belém os dias amanhecem cinzentos como os dias paulistanos, mas a nossa poluição não vem das indústrias. Nós respiramos fumaça, nós engolimos fumaça. Estamos envoltos em fumaça. É assim que temos amanhecido todos os dias – cheirando a fumaça das queimadas. Como a chuva não vem, eles desmatam por um período maior.
Nós, reles cidadãos desse país corrupto, onde o Ibama, que deveria ser o órgão a nos proteger da devastação é que a incentiva, com suas entranhas corroídas pela ganância de hoje e sempre, focadas no dinheiro – mais e mais – não há limites para o enriquecimento ilícito... quê fazer?
A mata queima e vira cinza, fumaça. Só há desmandos. As multas aplicadas são só para inglês ver – apenas 2% delas são pagas e nada acontece com quem não paga. Dá pra acreditar? Elas são ignoradas tanto quanto o próprio Ibama não quer ver. Nada acontece no Brasil com quem enriquece ilicitamente, roubando das gerações futuras a riqueza da flora e da fauna, o clima ameno do inverno amazônico e, de nós, roubando saúde e a esperança de um futuro equilibrado para as próximas gerações.
Por que continuamos a eleger pessoas comprometidas tão somente com seu bolso e com o poder? Por que não fazemos uma limpa no Congresso? Nós não temos mais, neste país, pessoas sérias, transparentes, que não se deixem seduzir pelo poder? Tudo se resume a dinheiro e poder? Como pode haver paz onde se planta tanto desgoverno, cobiça, corrupção, descaso com o próximo? É possível romper esses grilhões e mudar?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pau de Verônica

Um dia, ao visitar uma amiga, encontrei-a fraca, no fundo da rede, e pálida como cera. O povo que não tem dinheiro para consultas médicas, nem para pegar táxi, ou adquirir remédio de farmácia, sempre recorre à flora para se por de pé novamente, recuperando-se das mazelas do corpo. Foi assim que por qualquer 1 real comprei um pau de Verônica e levei para minha amiga. A Verônica é usada em infusão. Ela, como o pariri, tisna a água de um avermelhado escuro, bonito, que a gente vai tomando como se fosse água, de dois em dois dedinhos, toda hora, toda hora. Essa minha amiga, exagerada, começou tomando logo um copo inteiro e ficou tomando aos pouquinhos depois. No dia seguinte, com se fosse mágica, a hemorragia havia cessado e ela já conseguia ficar de pé! E no terceiro dia voltava a trabalhar. A Verônica estancou a hemorragia e fez com que ela novamente ficasse corada e disposta. Essa casca (Veronica Officinalis) também é usada na sabedoria popular para problemas de útero e ovários, além da anemia, e afecções urinárias. A Amazônia tem remédio para todos os males, só não consegue estancar a ganância de quem quer transformar suas riquezas em pasto e campos de arroz. Vamos assistir à sua destruição de braços cruzados?