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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Chuva e Viagem

Hoje, 13 de novembro, última sexta-feira-13 do ano, depois de muitos dias de seca e muito calor, veio uma forte chuva amenizar o verão que se despede – dessas chuvas que lavam a alma, enchem a rua, refrescam.
Mas também foi um dia especial pra mim, que estou me preparando pra viajar, visitar dois dos meus filhos, que estudam fora do Pará. Vocês não imaginam o que é morar aqui e ir viajar. Todo paraense ou pessoa que já morou aqui e que conhecemos, sabendo que a gente está pra chegar, fica na expectativa das coisas boas que a gente vai levar. Na minha mala o que menos tem é roupa. Vou mesmo é carregada de bombons da Bombom do Pará, de vários sabores – cupuaçu, bacuri, buriti, açaí e tantos outros; sorvetes: de tapioca, de açaí, de taperebá... tudo da Ice Bode (amei esse nome de sorveteria); um peixe maravilhoso chamado ‘filhote’, camarão regional, pimenta de cheiro, mel de Ourém, biscoito de castanha do Pará, perfumes das coisas cheirosas daqui – priprioca, canela... E ainda tem as farinhas, o tucupi, o pato... Enfim, sempre é muito mais do que permite a empresa aérea em termos de peso, e pagar excesso é de praxe. E lá vamos nós, com malas, isopor, térmica, sacolas, tudo cheio da felicidade de ver os sorrisos de quem recebe essas riquezas inestimáveis - paraenses de coração. E a gente compartilha e chama os amigos e confraterniza e divide e fica feliz de ver todos provar um pouquinho, matar a saudade nos sabores, cheiros e delícias dessa terra abençoada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Natal no Círio

No dia 3 de novembro desse 2009 que se vai caiu uma forte pancada de chuva grossa no final da tarde nessa morena Belém. Logo depois ainda se viam resquícios do sol que se punha, indiferente. À noite a lua cheia iluminava tudo, mas a cidade tinha forte cheiro de queimada no ar. É uma fumaça esparsa que toma conta de tudo, como se fosse fog londrino... e dá uma tristeza cheirar a mata que se esvai no fogo...
Nesses tempos do novo século que recém iniciou só o que importa é o comércio e o lucro? A floresta queima... e nas lojas o natal chegou com o Círio. Ele não é mais em dezembro. O comércio, na falta de outra data para faturar, encheu as lojas com enfeites de natal e papais noéis. Isso me dá um aperto no peito e uma vontade inabalável de não comprar nada, não montar árvore, não presentear ninguém nem mandar cartões de Feliz Natal - apenas orações e desejos de um natal de paz. Só coisas que não podem ser tocadas, apenas podem ser sentidas, porque o natal da Missa do Galo, o natal que fazia reunir a família a falar do nascimento de Jesus acabou. Agora é um triste natal de lucros, onde todos trabalham muito, para vender muito, e esquecem a família, esquecem o nascimento de Jesus e toda a magia que envolvia dezembro. Só há tempo pra vender e pra comprar!
Isso é nostalgia minha? Só eu sinto isso?
A fumaça invade nossas casas, nossos pulmões, nossos olhos e coração, que fica como a mata - ardendo. Nem a chuva do fim de tarde consegue amenizar.
Tu já cheiraste mata queimando? É como natal em outubro...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carnaval no Jurunas

O carnaval amanheceu essa sexta-feira por todos os lados. Por um lado a festa na escolinha, para pequenas crianças começou às 7:30 da manhã, com os pequeninos devidamente fantasiados e prontos pra cair na folia. “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil...” E passam os blocos de sujo, com poucos instrumentos e umas trinta a quarenta pessoas que dançam arrastado pelas ruas do bairro e vão andando pelas ruas e nem usam fantasias, apenas roupas mais coloridas – é o improviso de quem deseja cair na folia mas tudo o que possui é a vontade de brincar o carnaval. Que bom que vale mesmo assim!
Por outro lado há o Rancho “Não Posso me Amofiná” bem aqui na rua, logo duas quadras atrás do meu prédio, que ensaia desde o princípio do ano o samba-enredo que a escola vai apresentar na avenida neste 2009. E também amanheceu um carro-som tocando em alto e bom som, para acordar os moradores mais dorminhocos daqui das bandas da Roberto Camelier. E tudo mostra que o carnaval já começou e que o espírito é de folia – uma folia pobre, amiga, calma e que contagia a gente pra cantar as velhas marchinhas carnavalescas de sempre: “Olha a cabeleira do Zezé...”

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

É tempo de bacuri

O inverno amazônico traz um monte de coisas, mas, principalmente, faz colorir o mercado do Ver-o-Peso com muitos tons, formatos, cores, cheiros, sabores. Os bacuris estão grandes, amarelinhos, cheios de muita polpa, pouco ácidos e deliciosamente saborosos. Ah, como é bom tomar o suco dessa nossa fruta. E o creme? É pra lá de bom! O sorvete, então, nem se fala! É bom demais, gente! Tudo com bacuri é bom! Agora me ensinaram que se faz creme também da casca, depois de fervida. Ainda não experimentei, mas quero fazer. O açaí do tempo do inverno não é muito bom, mas me ensinaram que açaí azedo, só dois dedinhos num copo, tomados em jejum durante apenas 15 dias manda o diabetes pra longe. Vou experimentar. A chuva chegou de vez e a umidade está até nos nossos ossos.
Quando o sol mostra a cara a gente fica feliz.

















sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Chegou o inverno

Engraçado como em pleno verão no sudeste nós aqui festejamos a chegada do inverno. O inverno não quer dizer só a chegada da estação das chuvas - é muito mais! Nesse tempo de chuvas intensas tudo muda. Os rios estão cheios e os animais têm um comportamento diferenciado. Também os insetos fazem festa - são milhares, de todas as espécies, tipos, formatos, tamanhos. E há os mosquitos, que aqui a gente chama pelo simpático nome de carapanã. E só quem tem tela nas janelas são as pessoas de fora do Estado, principalmente os militares - todas as casas de militares que aqui servem são teladas. E há muitas estórias sobre as grandes águas.
Na primeira vez em que vi uma barata cascuda foi na janela da cozinha do pequeno apartamento em que morava, no meu primeiro ano em Belém. Ela tinha uns quinze centímetros... e eu odeio baratas! Empunhei minha arma e descarreguei em cima da pobre todo o conteúdo do spray. Ela nem se abalou! Não ficou de pernas pro ar, nem deu sinal de que estava morrendo. Eu não tinha coragem de matá-la com um chinelo e meu marido não chegava... (maridos costumam ser bons matadores de baratas). Fiquei paralisada, sem conseguir fazer mais nada e só saí dali depois de vê-la morta. Eu nunca havia visto uma barata como aquela e nem sabia que elas existiam. Também nesse mesmo ano fiquei conhecendo muitos insetos que jamais havia visto - e olhe que eu havia passado minha infância e adolescência andando pelo Brasil: Rio, Rio Grande do Sul, Minas, São Paulo, Ceará, Bahia, Pernambuco. Insetos de formatos estranhos, de todos os tamanhos e cores invadem todos os espaços na estação chuvosa da Amazônia. Acho difícil que os pesquisadores tenham conseguido catalogá-los todos. E a gente pensa na cadeia alimentar e em tudo o que se perde com a mata no chão. Quando não só a madeira importar quem sabe a gente dê mais valor à natureza e a tudo o que se perdeu. Mas as árvores em pé estão em flor e as cores estão multiplicadas nas frutas dessa estação, onde a umidade relativa do ar chega pra nós a mais de 100% em várias ocasiões. A gente praticamente respira água. Mas mesmo assim é quente durante todo o dia e toma-se banho frio. Belém dos meus amores, que esse inverno te encontre amigável e amorosa como sempre foste!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Icoaraci

É o nome da vila que pertence ao município de Belém e fica bem próxima do centro da cidade, calculo uns 15 Km, mais ou menos.


Icoaraci era a cidade das bicicletas - todo mundo lá andava de bicicleta. Agora a vila deixou seu ar sossegado e calmo e está como o resto todo de Belém - agitado e com ares de cidade grande - muitos carros, trânsito, muita gente pelas ruas...



Mas ainda cheia de bicicletas, Icoaraci é tudo de bom porque aquela orla maravilhosa, com os vendedores de água de coco - bem geladinha -e os barcos dos pescadores, o vento batendo na nossa cara e aquele riozão chamado Maguari pra encher nossas vistas é tudo que se quer num fim de tarde pra relaxar.


E, junto com as mangueiras centenárias, é um privilégio que temos. Se fores a Icoaraci, abre os braços para o vento, respira profundamente, fecha os olhos e sente como Deus foi tão pródigo para com a Amazônia e com todos nós.

Enche teus olhos com toda aquela água do rio e vê a ponta da ilha do Outeiro do outro lado. Também se pode comprar peixe fresco diretamente dos pescadores.




Em Icoaraci fica a oficina do nosso querido Mestre Cardoso - que Deus o tenha - e que, nas mãos de sua família, continua dando muitos bons frutos na arte da cerâmica.
É simplesmente impossível visitar sem comprar alguma peça. Eles estão sempre pesquisando, agregando valor, criando e fazendo belas peças para se usar, adornar ou embalar.