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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O trabalho ou o existir?

O Instituto de Artes do Pará está instalado em antiga construção que pertenceu ao exército, ali na Rua da Basílica, em Nazaré. Doado ao estado, o prédio recebeu adaptações da arquiteta Cláudia Abreu que, com esmero transformou o que era parte de um quartel em espaço de arte, cultura e lazer, aconchegante e acolhedor.

Só a entrada, vista de dentro para fora, já é por si só magnífica, mas, andar pelos seus jardins com arte nos transporta a lembranças de tempos em que crianças brincavam na rua sem medo, cantigas de roda e pula-corda, jogo de amarelinha e jeito de coisa feita em casa.

Nessa época do ano os jambeiros estão carregadinhos e coloridos de vermelho-púrpura. E a gente pode sim catar jambo no pé, lavar e deliciar-se ali mesmo, sem medo de ser feliz.

Os corredores largos, com teto em formato de meia-água, nos dão sensação de amplitude e liberdade, calma, tempo sem pressa – o tempo parado para nosso deleite.

O caos ficou do lado de fora. Senta e vai comer jambo! Festeja seus dez anos com jambos, porque a festa é nossa!

domingo, 17 de agosto de 2008

Agosto

Agosto é mês de volta às aulas, de volta do veraneio, de volta das praias e de volta dos encontros de verão. Também é o mês que antecede as festividades do Dia da Pátria, do Sete de Setembro e do Cinco de Setembro, Dia da Raça. Eu me arriscaria a dizer que o Dia da Raça é, para os estudantes de muitas escolas de Belém, um dia de festa calorosa. Eles já começaram os ensaios desde o retorno às aulas e todos os dias estão lá, tocando nas bandas das escolas. Quando a gente encosta a cabeça na rede pra tirar a sesta, eles começam o baticum. Mas não dá pra aborrecer porque é bonito ver o empenho com que ensaiam, o entusiasmo com que participam e o orgulho que sentem em representar suas escolas. Há incentivo apenas moral para participar do campeonato para eleger a banda mais bonita, mas afiada, que melhor tocou, que acrescentou garra e amor ao seu tambor, triângulo, pratos e os instrumentos todos que compõem as bandas escolares. As crianças ensaiam debaixo de sol forte, pingam de suor, sede é sua companheira: sede de vencer, de ser a melhor, de se destacar, de representar sua escola, de marchar uniformizados e orgulhosos do nome que carregam no peito da blusa da escola. E todos estão com a morenice do verão - pele bronzeada e aspecto saudável, felizes do descanso dos banhos nos igarapés, das brincadeiras de saltar nas suas águas geladas, de pular as ondas das praias do Mosqueiro e experimentar o sabor do mar nas praias de Salinas, Bragança, Marudá, Ajuruteua, Algodoal e tantas outras. A nossa juventude tem mesmo essa leveza, essa felicidade da infância que encontra na adolescência sua continuidade sem preconceito e sem barreiras, com grandes grupos de jovens saindo juntos, passeando juntos, indo ao cinema juntos, de mãos dadas ou abraçados, meninos e meninas que nem sequer de longe sabem que estão plantando em seus corações a alegria de viver e partilhar. Viva o Dia da Raça!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Manhatan Paraense

De onde vejo minha cidade nos acostumamos a chamá-la de Manhatam paraense, porque Belém se espreme entre o rio Guamá e a Baía do Guajará, depois é a BR, saindo pela Belém – Brasília, a faixa de terra que ela teve para se expandir. Mas Ananindeua fica grudada nela, portanto, não lhe restou outra alternativa senão crescer para cima. É impressionante a quantidade de prédios que surgiram nos últimos 20 anos.
Agora, então, parece que a prefeitura endoidou e permite gabaritos de até 40 andares! Nosso solo, todo cheio de veios d’água não é propício a esses exageros, mas a tecnologia manda em tudo e, assim, ficamos mesmo como a ilha americana, e todo terreno vazio vai sendo engolindo pelas incorporadoras e construtoras e os prédios novos não param de surgir todos os dias. Resta o consolo de que eles são coloridos... temos até o Hulk em dois tons de verde!

Andar à sombra das mangueiras

Nossos túneis não são na pedra, ficam mesmo sobre o solo. É delicioso passear sob os túneis formados por grandes mangueiras que, além da sombra maravilhosa, que é um alívio a que todos buscam sob sol intenso, embelezam muitas ruas do bairro de Nazaré - Benjamim, Quintino, Dr.Moraes, Av.Nazaré, Rui Barbosa, José Malcher. Na Praça da República o túnel que se formou na Av.Presidente Vargas, em plena praça, virou cartão postal de Belém de tão lindo que é.
Essas mangueiras alimentam nossa fome no período entre dezembro e março, um pouco mais ou menos. Essa época também é o nosso chamado 'inverno', época em que a chuva recrudesce, a temperatura diminui um pouquinho, o calor alivia, as noites são mais amenas, e as mangas
matam nossa fome.

Como nas praças há muitos trechos com grama - e, detalhe, aqui a gente PODE pisar na grama porque ela foi feita para ser pisada - DELÍCIA - tornaram-se o lugar para onde se pode correr depois da chuva forte: gente, é tanta manga que cai de madura e que a chuva nos entrega com generosidade que pode-se até levar uma sacola pra catar. Catar manga depois da chuva na grama da praça é um quadro à parte do qual participam adultos, adolescentes e crianças. E é uma delíiiiiiicia!

Aqui mangueiras centenárias convivem com mangueiras pequenas, jovens, mas que igualmente florescem, frutificam e nos dão grandes sombras. A sombra das mangueiras é a única que é realmente ventilada, onde o sol não esquenta nossas cabeças e que nos propicia um espetáculo à parte nessa nossa Belém que tanto encanta.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Calor

O verão em Belém é particularmente quente, mas a umidade relativa do ar é sempre alta e, por causa dela, transpira-se muito, muito mesmo, a gente literalmente pinga. É comum olhar para as pessoas na rua e vê-las com a roupa molhada de suor, como se elas tivessem acabado de fazer exercício. Mas nem precisa se mexer muito pra transpirar, um banho é o suficiente. Quando a gente termina de se enxugar já está transpirando novamente, por isso muitas pessoas não se enxugam e vestem a roupa com o corpo molhado. Uma providência comum que se toma aqui para prolongar um pouco mais a sensação de frescor do banho é andar com os cabelos molhados, bem molhados, de preferência pingando na blusa. Outro hábito bem paraense é tomar um banho principal, completo, e vários outros banhos que chamamos de 'ducha', onde a gente fica embaixo da água do chuveiro só mesmo pra se refrescar. O verão intenso nos dá bem a noção da necessidade de se dar uma parada nas horas mais quentes do dia e retomar a atividade só quando o sol já ficou mais ameno. Hoje em dia as pessoas vivem no ar condicionado para compensar a impossibilidade dessa paradinha para a sesta, devido ao ritmo da vida moderna. Aos que gostam do frio e abrem mão das delícias do verão é aconselhável não vir a Belém nos meses de julho a setembro, de verão intenso. Mas nos outros meses do ano também se pode curtir praias e igarapés, piscinas e clubes, passeios de barco, banhos de cachoeira, pescaria, sorvetes, e muita cerpinha gelada pra refrescar.

domingo, 10 de agosto de 2008

Samaumeira

A antiga Praça Justo Chermont, agora conhecida como Praça do Santuário, foi completamente modificada para contemplar a festa do Círio, porque fica em frente à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, onde a santinha permanece depois da procissão do segundo domingo de outubro, e recebe a visitação de tantos que nela crêem.




Essa praça não era gradeada como hoje, era aberta, como todas as outras praças. Mas a obra teve o bom senso de preservar sua maior riqueza centenária, que são as samaumeiras ou com u, sumaumeiras. Elas são um espetáculo à parte: muito altas, com os galhos se espalhando majestosamente e nos oferecendo sua sombra magnífica sob o sol escaldante, são de uma beleza que se destaca. Seu grande tronco e a forma com que suas raízes adentram o solo nos dão uma mostra do seu espetáculo e imagem da grandeza de Deus em nossas vidas.
O ano da samaumeira abriga vários momentos diferentes, mas o que mais me comove é quando estão todas verdes, e as mangueiras que circundam a praça estão carregadas de mangas. É quando chegam os periquitinhos. São centenas, milhares deles! Fazem grande algazarra e despertam os moradores das redondezas para sua presença, comem mangas e se abrigam sob os galhos das samaumeiras. Eles se deslocam em bandos e parecem nuvens de tantos que são, e permanecem por meses.
Quem gosta de natureza pode sentar na praça e observar, porque eles são um espetáculo de cor e música aos nossos sentidos. Terra minha querida, de tantos encantos e cores e que tão bem faz à minha alma, eu te amo.

sábado, 9 de agosto de 2008

Praça

A Praça Batista Campos é a mais bonita que já conheci pessoalmente. De qualquer ângulo que for observada, o Belo está lá para o prazer dos nossos olhos. A variedade de árvores, a maneira como elas foram dispostas, as plantas que dão flores, as águas que atraem garças de longos pescoços brancos, a disposição dos bancos e os caminhos para se andar por dentro dela toda nos tornam curiosos.




Gosto de fotografá-la de vários ângulos e por toda ela, e as fotos sempre me encantam. Os coretos a tornam romântica e terna. Nós os temos de todos os tamanhos e alguns dos pequenos parece que foram postos lá de propósito só para os namorados e para as crianças.



É graça de Deus para quem pode observar tanta beleza e harmonia. As crianças pequenas podem andar de bicicleta sob os olhos de seus pais e os caminhos são vários para que elas se entusiasmem e deliciem. O coreto principal, que também vai enfeitar aqui é palco de apresentações de danças típicas, de bandinhas, de brincadeiras e tudo que encanta o coração e os olhos de crianças e adultos.




A praça nunca é um passeio à toa porque ela inunda nossos corações de boas imagens, bons sentimentos.



E o verde que ilumina toda praça está fortalecido pela presença dos vendedores de água de coco, que fazem grandes pilhas de coco verde que enfeitam ainda mais. É muito bom sentar, depois de ter caminhado e suado, tomar água de coco e saborear toda essa beleza. Belém é tudo de bom!

domingo, 3 de agosto de 2008

Igreja do Rosário

Essa igrejinha simpática e aconchegante fica bem pertinho da Praça da República, onde acontece a Feira do Artesanato todos os domingos. Padre Ronaldo é muito simpático e a missa é 10, porque o sermão dele é feito com palavras simples e esclarecedoras, que vão direto ao coração.

Mas o que me encanta mesmo é o coro e as músicas escolhidas por ele para incrementar a missa. Todos os componentes do coro são afinados, estão sempre presentes – mesmo quando Belém inteira estava nos balneários, eles estiveram sempre lá nesse julho passado – e também são muito simpáticos. São senhores e senhoras, alguns com cabelos que o tempo branqueou como algodão em flor, mas a disposição de todos é de adolescente. Eles cantam mesmo quando já estamos indo embora. Isso nos deixa leves e a missa parece que se perpetua por toda semana em nós.

A missa das 8:30h. na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos é como em algumas pequenas igrejas da Europa, onde todos se conhecem, e acaba virando uma festa de encontro da família. É bonito de se ver. Na saída ainda temos o pessoal que vende coisas muito gostosas para o café da manhã. São delícias paraenses às quais é difícil resistir. O domingo fica completo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Cheiro


O Pará, na bandeira do Brasil, é aquela estrela separada das outras. E, realmente, o Pará é um estado particular, diferente, de terra fértil, cortado por grandes rios da bacia amazônica, florestas cheias de riquezas que o homem vindo de fora - sul, sudeste, centro-oeste e nordeste - está destruindo. Possui em seu território muitas tribos indígenas que detêm o conhecimento da maravilha que Deus nos confiou – ervas, folhas, raízes, cascas, pós e muito mais, advindos da floresta tropical amazônica – e que deveria representar para todos nós a riqueza maior e inestimável para preservação. Mais ainda que isso, e, uma riqueza que a origem indígena nos legou, foram as relações interpessoais. É uma coisa de pele, de toque, na maneira de se relacionar com as pessoas que estão à nossa volta, e que é muito bonita. O povo paraense se toca ao conversar uns com os outros. Por onde quer que a gente ande assiste a manifestações de carinho. As pessoas que não se conhecem se falam como se se conhecessem - no ônibus, na fila, no supermercado, no banco da praça, onde for. Há nisso muito da cultura indígena que agrega, se achega, soma, ao invés de excluir. Assim, por essa necessidade de se relacionar com mais proximidade e aconchego quando se encontra um amigo na rua, ele te abraça demoradamente, ele toca no teu braço ao conversar contigo, segura na tua mão sem outra intenção qualquer que não o toque. Ah, mas aqui nós temos uma coisa maravilhosa chamada “cheiro”. A gente gosta de cheirar o cangote uns dos outros, não é engraçado? Assim, a gente se abraça, faz carinho nos braços e dá um cheirinho no pescoço da pessoa que é por nós querida de maneira particular. Mas a gente pede: “me dá um cheiro?”, ou "cadê meu cheiro?". Então, o cheiro daquela pessoa entra de maneira mais intensa em nós e, espiritualmente, é como se tivesse ficado um registro, uma marca, que nossos sentidos revelam na sua proximidade. Geeennte, é bom demais!! Um cheirinho é muito pai d’égua!